Governo do Estado do Espírito Santo
25/01/2017 19h24 - Atualizado em 27/03/2023 13h33

Jovens que abandonaram os estudos querem voltar para a sala de aula

Os jovens capixabas que abandonaram os estudos querem voltar para a sala de aula, fazer cursos de qualificação e ocupar um bom lugar no mercado de trabalho. É o que releva uma pesquisa com mais de 6 mil meninas e meninos com idade entre 10 a 24 anos. Eles são moradores dos 25 bairros atendidos pelo programa Ocupação Social e foram ouvidos durante a pesquisa realizada pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em parceria com Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH) e Fundo de Amparo à Pesquisa e Inovação no Espírito Santo (Fapes). Entre os que foram ouvidos, 89% pretendem voltar a estudar, com 41% deles buscando alcançar o curso superior; 83% desejam fazer cursos de qualificação profissional; 75% sonham em abrir o próprio negócio e 99% reconhecem que o trabalho é importante para sustentar a família e garantir a educação dos filhos.


 


Motivos da evasão escolar


Para a diretora-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Andrezza Rosalém, a informação que a pesquisa trouxe é que há um número grande de jovens que não sabe ler e escrever ou apresentam dificuldade. “Outro dado é que muitos abandonaram a escola entre o 5º e 7º ano, ou seja, eles não têm Ensino Fundamental completo.  A realidade que a pesquisa mostra é que os entrevistados são jovens com baixa escolaridade e possuem um conjunto de características familiares. Boa parte deles, por exemplo, já tem filhos. Esse é um grande fator de abandono e evasão escolar", explicou.  


Também participaram do lançamento da pesquisa, o secretário estadual de Direitos Humanos, Júlio Pompeu; a subsecretária de Ações Estratégicas, Gabriela Lacerda; e o diretor técnico-científico e de Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Rodrigo Ribeiro Rodrigues.


 


Oportunidade


O Ocupação Social traz 10 mil oportunidades em educação, geração de renda, capacitação e qualificação profissional, cultura, esporte e lazer para 2017 nas 25 comunidades atendidas pelo programa. “O que a pesquisa mostra é que precisamos aproveitar a relação desses jovens com seus bairros e reforçar a identidade, gerar oportunidades e ajudá-los a criar seus próprios negócios. Para isso existe o Ocupação Social”, explicou o secretário de Estado de Direitos Humanos, Júlio César Pompeu.


 


Perfil dos jovens


Do total de entrevistados, 50,5% são mulheres e 49,5% são do sexo masculino, com idade média de 20 anos. Se declararam negros e pardos mais de 80% dos jovens. O levantamento revela ainda que a renda domiciliar per capita desses meninos e meninas é de apenas R$ 294 por mês. A pesquisa aponta que 38% dos jovens estão casados ou vivem juntos e, 43% deles, já têm filho. A formação precoce da família é confirmada também pela média de idade na qual os entrevistados tiveram filho, que é de 17 anos.


Existe uma parcela significativa de jovens fora da escola que não possui documentos importantes para a entrada no mercado de trabalho, além de acesso a programas e políticas públicas: 35,5% não possuem título de eleitor; 15,2% estão sem carteira de trabalho; 14,4% não possuem carteira de identidade e 10,5% ainda não possuem CPF.


 


Educação e trabalho


Seis em cada dez jovens abandonaram a escola no ensino fundamental. Eles apresentaram baixa escolaridade e 75,5% já reprovaram pelo menos uma vez. Nos bairros Central Carapina e Barramares, o que chama atenção é a porcentagem de entrevistados que declararam não saber ler ou ter dificuldade, 17,5% e 14,8% respectivamente. Entre os principais motivos da evasão escolar estão a falta de interesse (32,7%), a necessidade de trabalhar (24,5%) e casamento e filhos (22,4%). Entre as mulheres o número é ainda mais alarmante, pois 96% pararam de estudar por causa do casamento ou de filhos.


Entre os ocupados, a idade em que os entrevistados começaram a trabalhar foi 15 anos. Quase 70% deles são empregados e pouco mais de 28% atua por conta própria. Mais da metade não possui carteira assinada e recebe abaixo de um salário mínimo, em média R$ 792.


Apesar da precarização dos postos de trabalho, 40% do público alvo da pesquisa afirmou já ter feito algum curso de qualificação profissional. Mas há um distanciamento entre a qualificação e o emprego disponível, o que resulta em 77% de jovens que não trabalham ou nunca trabalharam na área em que cursaram a qualificação profissional.


 


Rotina, uso do tempo e qualidade de vida


O levantamento revela que somente 5,2% participam de atividades culturais e 63% não leram nenhum livro nos últimos 12 meses. Parques e praças são frequentados por 63% dos jovens um terço deles nunca frequentou teatros ou museus. Em geral, os jovens entrevistados estão satisfeitos com as relações com a família, amigos e vizinhos. Também estão satisfeitos com as condições de moradia. No entanto, estão insatisfeitos com as oportunidades de trabalho e renda, com o acesso a espaços de lazer e cultura e com o tempo livre para essas atividades.


 


Comportamento e desejos para o futuro


Questionados sobre o que é necessário para se dar bem na vida, quase 97% dos jovens acreditam que o estudo é muito importante. A maioria também acredita que é preciso saber aproveitar as oportunidades e trabalhar duro, com persistência. Mais de 86% deles fazem planos para o futuro e a principal dificuldade para alcançar a universidade é a necessidade de trabalhar (21%), seguida pela falta de dinheiro (14%) e dificuldade de acompanhar as aulas (10%).


 


Locais da pesquisa


A pesquisa foi realizada por quase 170 pessoas, sendo a maioria bolsistas que havia concluído o Ensino Médio recentemente, além de universitários e funcionários do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH). Os municípios onde o levantamento foi feito são: Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina, São Mateus e Pinheiros, todos contemplados pelo Programa Ocupação Social. 


 


Metodologia


A escolha da faixa etária do público alvo foi adotada em função dos critérios de idade do Ocupação Social. Sendo assim, a pesquisa considerou jovens fora da escola o público de 10 a 17 anos que não estava frequentando instituição de ensino, e de 18 a 24 anos que não concluiu o ensino fundamental ou ensino médio.


 


A pesquisa em números:


6.210 jovens entrevistados
10 a 24 anos de idade tem o público alvo da pesquisa
31 mil domicílios visitados
8 meses de pesquisa (novembro de 2015 a junho de 2016)
25 bairros em 9 municípios envolvidos
65% dos jovens usam a internet ou têm interesse de usar para produzir ou editar vídeos e áudios



Clique aqui para acessar os documentos completos.


 


Informações à imprensa:
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