Governo do Estado do Espírito Santo
30/10/2020 16h56 - Atualizado em 20/03/2023 17h02

Especialistas debatem ações de enfrentamento à pandemia no VII Encontro de Economia do Espírito Santo

Evento contou com participações de dirigentes do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que fez a transmissão das palestras em seu canal no YouTube.

No primeiro dia do VII Encontro de Economia do Espírito Santo, o Corecon-ES reuniu renomados profissionais para debater o sistema de saúde e as ações de enfrentamento à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Entre os convidados estavam o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Daniel Cerqueira, e o diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto, Pablo Lira.  Com o tema “Pandemia, Economia e Aspectos Sociais da Saúde”, o evento virtual contou com a participação de um público expressivo.


“Tivemos um debate muito qualificado. Nosso papel é contribuir para informar e reconhecer o valor desses profissionais que estão atuando de forma muito séria e comprometida com estudos sobre esses temas. O resultado das apresentações é um esforço de levar informações de qualidade para a população, ainda mais em um momento de muitas informações contraditórias e fake news. Ao mesmo tempo, reconhece o trabalho de vários pesquisadores da área de Economia da Saúde”, afirmou o presidente do Corecon-ES, Celso Bissoli Sessa.


O diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Daniel Cerqueira, destacou o cenário desafiador registrado no País, em meio à pandemia da Covid-19, que segundo ele, ganha um contorno ainda mais complexo com a conjuntura econômica e política do país. Cerqueira afirmou que, além da crise de demanda, gerada pelo isolamento social, que impactou fortemente a atividade econômica, há outras questões a serem observadas.


Em relação ao que definiu como capital humano, citou a perda de vidas e os prejuízos causados à Educação, especialmente da primeira infância, com o afastamento dos alunos das salas de aula. “Essa é uma questão que pode ter impacto futuro, porque as crianças estão sendo privadas de vivências importantes, numa fase de maior plasticidade cerebral”, alertou.


Outro desafio, segundo Cerqueira, está ligado ao aumento das desigualdades sociais. “Já vivemos num país altamente desigual e é certo que as diferenças sociais, com a pandemia, tendem a aumentar ainda mais.”


Cerqueira citou também, em nível mundial, uma queda de produtividade que deve ser observada. “Temos ainda um cenário adverso gerado pela briga estabelecida entre a China e os Estados Unidos, que pode nos impor desafios ainda maiores”, argumentou.


 


Desigualdades

Em sua apresentação no evento, transmitido nessas quinta-feira (29) e sexta-feira (30) pelo canal do IJSN no YouTube, a doutora em Economia Kenya de Souza Noronha, da Cedeplar (UFMG), mostrou as diferenças regionais da oferta de saúde no Brasil, deixando claro como o setor de saúde está diretamente relacionado com as desigualdades regional e de renda.


Celso Bissoli, por sua vez, destacou: “Por isso, ações na área de saúde são fundamentais para uma das formas de enfrentamento das desigualdades existentes. Tratar das políticas de Belo Horizonte, foi um interessante parâmetro de comparação com as políticas adotadas no Espírito Santo.”


Kenya de Souza Noronha também ressaltou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) no acesso à saúde de forma geral e no enfrentamento à pandemia. “O SUS é a maior política de inclusão social no País. Atualmente, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do sistema, que já apresentou uma capacidade de resposta satisfatória no enfrentamento de outras epidemias, como a de H1N1, em 2009, e Zikavírus, em 2015 e 2016”, destacou.


A apresentação da Luciana Mendes (IPEA/DF) indicou os problemas enfrentados pelo financiamento do setor de saúde, ressaltando que um dos maiores desafios está nas relações entre União, Estados e municípios. Para ela, muitos dos problemas enfrentados nessa pandemia decorreram desses conflitos federativos e nas discussões sobre as responsabilidades de cada ente federativo nesse combate. Isso atrasa a execução das políticas e distribui pesos muitos desproporcionais ao orçamento de cada um dos entes, especialmente municípios.


 


Avaliações positivas no Espírito Santo


O diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Silva Lira, creditou à gestão inovadora, transparente, responsável e equilibrada do Governo capixaba a mitigação e o controle da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) no Estado. Ele citou avaliações positivas do modelo de gestão do Governo do Estado feitas por instituições de referência, em âmbitos nacional e internacional.


Uma dessas instituições é a Open Knowledge Brasil (OKBR), uma rede mundial que promove a transparência, conhecimento livre e democracia ativa, que em sua última avaliação, do mês de julho passado, deu ao Estado nota máxima no ranking que analisou as 27 Unidades da Federação. Essa pontuação foi decorrente das soluções em Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) disponíveis e integradas no portal coronavírus.es.gov.br, criado pelo Governo do Estado. O portal garante informações atualizadas aos cidadãos, com total transparência sobre as ações da administração estadual no controle da pandemia. 


 


Boas práticas


O Espírito Santo também é primeiro no ranking de transparência em contratações emergenciais, elaborado pela Transparência Internacional, instituição que atua em 110 nações e que promove e avalia as boas práticas globais. Outra avaliação positiva foi feita pelo CLP Liderança Pública, apontando o Estado como líder no ranking de boas práticas no combate à pandemia.


Em decorrência das ações realizadas pelo Governo, segundo Lira, nenhum capixaba deixou de ser atendido pelo sistema de saúde. “Antes de a pandemia chegar ao Espírito Santo, o Governo o Estado já estava mobilizado, com uma Sala de Situação trabalhando na ampliação da capacidade de atendimento à população, com aquisição de respiradores e demais insumos. E todo o trabalho realizado, com base na estratégia adotada, resultou numa expansão considerável da capacidade de atendimento, com abertura de mais de 1.400 leitos. E esse é um legado que está sendo deixado para a população capixaba, já que nosso Governo não optou por uma estrutura temporária de hospitais de campanha”, explicou.


Além da Sala de Situação, foi criado pelo Governo do Estado um Centro de Comando e Controle do novo Coronavírus (Covid-19), com atuação direta dos secretários de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e de Economia e Planejamento, Álvaro Duboc; e do comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Cerqueira. Lira disse que o domínio de conhecimentos dos bombeiros em relação à gestão de risco fez com que o Espírito Santo fosse um dos primeiros Estados a desenvolver o Mapa de Risco da Pandemia, ainda vigente.


Sob a liderança do governador Renato Casagrande, mobilizando toda a estrutura de Governo, contando com parceria de várias instituições, foi possível realizar gestão da informação e da tecnologia para subsidiar o processo decisório nas estratégias de combate à pandemia, ainda em março deste ano.


O desenvolvimento de análise em tempo real da situação da Covid-19 no Estado foi um exemplo apontado pelo diretor do IJSN. “Em quatro dias, em um trabalho que envolveu o Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Espírito Santo (Prodest), a Secretaria de Controle e Transparência e o Instituto Jones, foi desenvolvida uma ferramenta que possibilitou identificar pessoas infectadas e fazer o acompanhamento ativo delas. Além disso, no período de ascensão dos casos, monitoramos indicadores de distanciamento social”, explicou, ressaltando o fato de todas as decisões terem sido tomadas com base em evidências científicas.


Outro fato destacado refere-se à testagem. Segundo Lira, o Espírito Santo, desde o início da pandemia, realiza testagens acima da média nacional. Atualmente, essa taxa é de 122 mil testes por um milhão de habitantes no Estado, contra 100 mil testes por um milhão de habitantes no Brasil. “Hoje nossa taxa de transmissão está abaixo de um, com uma tendência de queda no ritmo de infecção. Já a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 38%”, explicou.


“O Espírito Santo ultrapassou o período mais crítico da pandemia desenvolvendo um trabalho integrado, adotando estratégias que possibilitaram o achatamento da curva epidemiológica”, garantiu Lira. Ele argumentou que, em decorrência do trabalho realizado, além de muitas vidas terem sido salvas, o Estado vem apresentando recuperação econômica, com a retomada gradual e contínua de algumas atividades, sem significativa alteração nas curvas epidemiológicas.


 


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