O Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo registrou recuo de - 5,9% no segundo trimestre de 2020, quando comparado ao trimestre imediatamente anterior, desempenho melhor que o nacional, cuja queda foi de -9,7%. O período compreende os meses de maior impacto da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) na economia do Estado.
“A magnitude dos resultados reflete as medidas necessárias tomadas em âmbito estadual para contenção do contágio da Covid-19. Os desdobramentos mundiais da pandemia, bem como a suspensão do funcionamento de diversos estabelecimentos não essenciais, acentuaram as quedas nas atividades de Indústria e Serviços e reverteu o desempenho positivo que o Comércio vinha registrando”, pondera o coordenador de Estudos Econômicos do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Antônio Ricardo Freislebem da Roch.
No acumulado do ano (janeiro a junho de 2020), a queda na economia estadual chegou a -6,1%. Nesta mesma base de comparação, a Indústria geral recuou -20,8%, os Serviços -7,9% e o Comércio varejista ampliado -4,2%.
A retração na Indústria foi generalizada alcançando a Indústria Extrativa (-29,7%) e todas as atividades da Indústria de Transformação que, em média, recuou -12,9%. Comportamento semelhante ocorreu no setor de Serviços, no qual todos os segmentos apresentaram queda, com destaque para Serviços prestados às famílias (-32,0%) e Serviços profissionais, administrativos e complementares (-11,1%). No Comércio varejista ampliado, o decréscimo resultou da combinação das variações negativas no Varejo restrito (-1,5%) e em Veículos, motocicletas, partes e peças (-12,5%).
Por sua vez, os resultados esperados para a produção agrícola mostram contribuições que vão em diferentes direções, conforme a cultura que se observa. Das dez principais lavouras, há expectativa de queda em quatro e expansão em seis: Café Conilon (-10,3%), Café Arábica (+33,5%), Pimenta-do-reino (+7,6%), Tomate (-2,2%), Banana (+2,9%), Mamão (+9,0%), Cana-de-açúcar (-6,9%), Cacau (+2,7%), Coco (+0,6%) e Abacaxi (-16,2%).
Com os resultados, o PIB Nominal capixaba totalizou R$ 122,5 bilhões no acumulado dos últimos quatro trimestres, sendo de R$ 30,3 bilhões no 2º trimestre de 2020.
Tanto o PIB estadual (-10,2%) quanto o do Brasil (-11,4%) registraram forte queda na comparação entre os segundos trimestres de 2020 e 2019. A retração nacional foi mais acentuada em razão dos desempenhos do Comércio varejista ampliado e dos Serviços.
Retomada
Apesar dos resultados do segundo trimestre, as perspectivas de retomada capixaba são otimistas. A maioria dos setores já demonstram indicadores positivos, como é o caso do Comércio Varejista Restrito, cujo volume de vendas no Espírito Santo avançou +8,7% em julho de 2020, no confronto com o mesmo mês do ano anterior, e do volume do setor de Serviços, que em julho de 2020 teve avanço de +2,2%, frente ao mês imediatamente anterior.
“O que percebemos olhando para os indicadores e para o cenário conjuntural é que o pior já passou. Mas temos ainda um processo de volta à normalidade das nossas vidas e de volta à normalidade econômica também. O Espírito Santo sentiu mais intensamente os efeitos de demanda já no começo e até antes da pandemia se instalar aqui, devido à relação com o comércio exterior, mas agora estamos do outro lado do cenário. Começamos a nossa retomada com a economia organizada e acreditamos em uma recuperação em ‘V’”, analisou o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Daniel Cerqueira.
Além do grau de abertura capixaba (relação com o comércio exterior) – quase o dobro do brasileiro –, que trouxe um sinal negativo num primeiro momento, mas num cenário de recuperação mostra-se como uma das vantagens do Estado, Cerqueira aponta ainda outros dois motivos que deixam o Espírito Santo numa situação mais confortável para uma retomada econômica: “1, a maturidade institucional dos Governos Estadual, municipais, de parlamentares e demais instituições, num trabalho de excelência, conjunto e cooperativo, desenvolvido no sentido de navegar nesses mares revoltos que vivemos; e 2, o capital social capixaba, que tem relação com a forma como a sociedade se organiza para resolver conjuntamente problemas, com esforço do setor produtivo, investidores e empresários articulados para manterem empregos e a economia girando na medida do possível”, completou Cerqueira.
Os dados completos constam no documento publicado pelo IJSN, nessa quinta-feira (17), em evento on-line. A estimativa do PIB é calculada trimestralmente pelo Instituto e tem por objetivo um acompanhamento mais atualizado da economia do que o PIB anual, cujos resultados apresentam defasagem de dois anos. O cálculo do PIB Estadual é realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Panorama Econômico
Na mesma ocasião, também foi divulgado o Panorama Econômico do Espírito Santo referente ao segundo trimestre de 2020. O documento apresenta uma análise detalhada dos desempenhos setoriais registrados pelo PIB Trimestral (Indústria, Comércio e Serviços), além de dados do Comércio Exterior, Inflação e Mercado de Trabalho.
Em relação ao comércio exterior capixaba, o segundo trimestre de 2020 apresentou crescimento frente ao trimestre anterior, com uma corrente de comércio (importações e exportações) com aumento de +9,01%, devido ao crescimento de +40,48% nas importações, uma vez que as exportações do Estado recuaram -19,11% no mesmo período.
Os Estados Unidos continuaram sendo o principal destino das exportações do Espírito Santo, com 32,59% de participação no segundo trimestre de 2020. A China subiu para o segundo lugar, com 19,58%, seguida pela Malásia, com 7,82%.
No tocante às principais origens das importações capixabas, no segundo trimestre, o Brasil passou a ocupar o primeiro lugar, com 39,34% do total capixaba. O ganho de participação do próprio País como origem das importações se deve a um movimento de nacionalização de equipamentos para exploração de petróleo, que causou variações positivas nos dados de importação do Espírito Santo, por ser um dos Estados produtores de petróleo.
As exportações do agronegócio capixaba alcançaram US$ 361,1 milhões no segundo trimestre de 2020, aumento de +19,3% em relação ao trimestre anterior, decorrente das maiores vendas de café (+32,9%) e celulose (+8,2%). Os principais produtos exportados no trimestre foram celulose (42,6%), do total exportado, café em grão (37,4%) e especiarias (11,3%).
Em relação ao mercado de trabalho, no segundo trimestre de 2020, a taxa de desocupação no Espírito Santo foi estimada em 12,3%, mantendo-se estável estatisticamente tanto em comparação com o trimestre anterior quanto em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Considerando apenas os empregos formais, estes apresentaram saldo negativo de -27.319, referente aos postos de trabalho no Espírito Santo, no acumulado do ano (janeiro a junho).
Entre os setores que registraram saldos negativos, destaque para Serviços (-12.655), Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (-7.648), Indústria geral (-5.476) e Construção (-1.369).
Os resultados negativos no número de postos de trabalho estão fortemente vinculados aos efeitos da pandemia da Covid-19 no Estado e às necessárias medidas de distanciamento social adotadas para mitigar os efeitos da doença.
“Fechamos o ano de 2019 com o maior saldo de empregos formais dos últimos seis anos. Em dezembro de 2019, o Estado apresentava saldo positivo de mais de 19 mil empregos. A perspectiva no mercado de trabalho estadual para este ano também vinha positiva, com saldo de mais de 3 mil vagas em fevereiro, por exemplo, mas fomos surpreendidos pelos impactos da pandemia”, pontuou o diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira.
Apenas o setor de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura apresentou acréscimo no número de vínculos empregatícios (+381) no período.
O Panorama Econômico também apresenta dados sobre os requerentes de seguro-desemprego no Estado. O número aumentou +33% em relação ao segundo trimestre de 2019 e +34,2% em relação ao trimestre anterior. Em valores absolutos, no segundo trimestre de 2020, foram 44.717 requerentes de seguro-desemprego no Espírito Santo. O crescimento verificado foi maior que nos anos anteriores, o que também aponta os efeitos da pandemia da Covid-19.
Veja o relatório do Indicador Trimestral de PIB do Espírito Santo – 2º Trimestre de 2020
Leia a íntegra do Panorama Econômico do Espírito Santo – 2º Trimestre de 2020
Veja o Boletim Trimestral – Balança Comercial do Espírito Santo – 2º Trimestre de 2020
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